Zimerman criou o Pet Center Marginal, atual Petz, em 2002 sem imaginar que um dia teria planos para faturar R$ 400 mi.
A chegada da Petz, antigo Pet Center Marginal, a uma região causa grande impacto no local e resulta em três situações para os pequenos empresários ao redor. O pet shop fecha antes mesmo da abertura da mega loja, o empreendedor começa a reduzir o preço e deteriorar o negócio ou busca um diferencial e, em muitos casos, até melhora seu desempenho. “Você não pode controlar se o seu concorrente vai abrir do lado ou não, mas você pode controlar o que você faz. Para criar um negócio, esqueça preço, você precisa pensar em uma palavra: valor”, afirma o fundador da rede, Sergio Zimerman.
Para o empresário, abrir um negócio e colocar o preço mais barato pode parecer a melhor coisa a fazer, mas isso se a estratégia for ‘combinada’ com as outras lojas. “Se eles deixarem você ficar mais barato, você vai ganhar clientes. Mas na prática, a gente sabe que não funciona assim. Vira uma competição de quem passa mais tempo debaixo d’água e quem tem mais fôlego sobrevive”, analisa.
A dica é fruto da experiência empreendedora de Zimerman, que não começou a atuar no segmento onde obteve destaque. O empresário, que estudava edificações na escola técnica aos 18 anos, fazia estágio durante o dia e estudava à noite. Sobrava o fim de semana para namorar. Ou nem isso, afinal, a então namorada e atual mulher, Helena, fazia animações de festas aos sábados e domingos.
“Um dia o carro da empresa quebrou e levei a Helena para a festa. Ela recebia algo em torno de R$ 100 nos valores de hoje e a empresa cobrava R$ 1 mil. Isso chamou minha atenção e ficou registrado”, disse.
Algumas semanas depois, Zimerman teve o Fusca roubado e logo lembrou da cena da mulher animando festas quando recebeu o cheque do seguro. “Fiz a proposta para ela comprar uma roupa de palhaço para mim e uma de Emilia para ela e o que sobrasse a gente gastaria em marketing. Algumas semanas depois eu já estava contratando gente por R$ 100”, contou. Foi assim que nasceu a Estrelinha Show. Essa história e outras foram compartilhada durante o Encontro PME com pequenos empresários e interessados no tema. Confira a seguir os principais trechos.
Início
O Pet Center Marginal foi aberto em 2002 sem grandes pretensões. O nome foi escolhido simplesmente porque não existia verba para fazer a divulgação. A solução foi criar uma referência sobre o que era o negócio e onde ele estava localizado. O plano de expansão atual, abrir 100 lojas em cinco anos, nem sequer passava pela cabeça do empresário. E Zimerman conta que o próprio nome já denunciava isso. “Vinha de uma empresa que tinha quebrado e já dava graças a Deus se conseguisse emplacar uma loja. Não tinha nenhuma pretensão adicional, que só começou a surgir depois de uns dois anos”, conta.
O pet shop, aberto em um sábado, foi um fracasso de vendas e o mesmo ocorreu no domingo. Foi então que ele resolveu investir em anúncios na televisão com a seguinte mensagem: ‘não precisa comprar, venha passear’. “Contratei um tigre, que era do Gilberto Miranda, para ficar andando na loja. Comecei a pendurar melancia no pescoço para chamar a atenção. No início tem de ter muito desprendimento, acreditar muito e gastar dinheiro em marketing.”
Inovações
Funcionamento 24 horas, centro de estética envidraçado, adoção de animas nas lojas e entrada de jogadores do time do São Paulo em campo conduzindo cachorros foram algumas das inovações da Petz citadas pelo empresário. O primeiro caso ocorreu logo no início, quando a loja abria das 9h às 21h, mas toda vez que o funcionário fechava o portão se deparava com alguém buzinando para entrar no local.
Foi convocada, então, uma reunião para discutir a alteração no horário. Começou com 22h, igual aos shoppings, e chegou às 23h, para aproveitar quem saía desses centros de compras. Mas o empresário questionou: ‘por que não 24 horas?’ “A consultora falou: esquece, está maluco? Não tem em nenhum lugar do mundo.” A frase, entretanto, reforçou a estratégia. “Olha que oportunidade ímpar tínhamos na mão de criar uma coisa nova. Achei que depois de três meses alguém ia fazer e anular esse diferencial. Só que se passaram 12 anos e até hoje ninguém fez.”
Cenário econômico
O empresário recorda que há dois anos a empresa tinha dificuldade para contratar e conseguir pontos comerciais, disputados com concessionárias de automóveis. “O grande dilema que a gente tinha era como abrir 100 lojas se não conseguia achar ponto de instalação e, quando achava, o preço não fechava a conta. Aí a gente pediu um pouquinho de crise, só que o pouquinho virou poucão”, brincou o empreendedor.
Hoje, a situação em relação à mão de obra é mais “tranquila” e os pontos comerciais estão mais baratos. “A única coisa que está faltando na equação é o consumidor. Só que nossa empresa tem um projeto de longo prazo.” Para Zimerman, esse é o momento para fincar bandeiras em áreas que seriam difíceis em uma situação “normal”. “No curto prazo a gente vai sofrer mais, mas a crise passa e, na hora que voltar, estaremos melhor posicionados.”
O empresário fez questão de afirmar aos participantes que suas estratégias, na teoria, parecem muito bacanas, por isso, ele ressaltou a importância do fator prático na condução dos negócios. “Não adianta fazer isso se não tem dinheiro de curto prazo para passar a turbulência. Quando optamos por fechar um negócio com um fundo já estávamos no limite da capacidade de crescer por conta própria”, disse Zimerman, que vendeu parte do negócio para o Warburg Pincus, em 2013.
Mercado pet
O empresário ainda identificou uma mudança drástica. Se antes o cliente comprava cinco roupinhas para o cachorro, agora, compra duas. Por outro lado, comida e medicamentos seguem crescendo. “O setor pet não é imune à crise, é resiliente porque tem pilares fortes.”
Fonte: http://pme.estadao.com.br/noticias/noticias,nao-foque-so-no-preco-pense-em-criar-valor,6135,0.htm